De um dia para o outro, tudo mudo. Não, não de um dia para o outro, mas gradativamente você vai se cansando. Se cansando e se cansando... e de um dia para o outro, se cansa. Se cansa da sua vida sem graça, e de todos os seus roteiro; se cansa de suas viagens não concluídas e de planos que não viraram nada. Se cansa de fazer planos impossíveis (onde eu estava com a cabeça?), e de querer tanto aquela viagem pela Europa e nunca conseguir. Simplesmente cansa.
E você se depara deitada no chão, porque não aguenta o calor mesmo, olhando para o teto branco do seu quarto praticamente vazio, e conclui. Conclui que você está vazia, que reflete o vazio, o que não consegue se preencher.
Você sabe que ainda há algumas estrelas dentro do seu pote, e que não pode mesmo deixar que essas estrelas parem de brilhar por nem um minuto... mas e quanto ao resto? E quanto a todo aquele céu infinito e brilhante que você era? Onde foi parar?
E você se levanta e se olha e se pergunta, olhando para você, quem é você e o que você fez com seu eu. Nada mais te agrada, nada te faz lembrar você. Nem uma voltagem te acende mais. Nada. Não se deixe ser nada.
Francielly Gomes.