Quando você disse que estava apaixonado por uma garota, eu nem soube o que responder. Talvez eu quisesse ou devesse dizer, naquele momento oportuno, um rápido Eu Amo Você. Mas mais uma vez, eu deixei que meus medos me dominassem por inteira, e fiquei muda, ouvindo seus elogios a ela. Controlei minhas emoções quando a conheci, e pensei comigo, "Como Competir?". Ela era linda, uma cobra, mas linda. Toda vez que você desmarcava por um SMS um dos nossos 'encontros', eu tinha a certeza de que me deixou por ela. E eu não estava lá muito acostumada com isto de perder meu melhor... hãn... amigo. Não eu não estava pronta ou preparada psicologicamente para isto. Sempre odiei perdas. E não estou dizendo aquela vez em que perdi a aposta que batemos no vide-game, estou falando de perdas que doem, que nos faz sentir falta. Embora que, eu  já deveria ter me acostumado com isto. Perder é o que mais sei fazer. Primeiro meu pai, depois meu avó que se foi para sempre, e agora você. Eu sei que perder é um ciclo normal da vida, mas porque é que sempre, a cada perca, sentimos como se fossemos virgens de conhecimento e amadurecimento. Sentimos a mesma dor sempre e sempre, não importa quantas vezes esse ritual ocorrerá, sempre vai doer, e vai machucar o mais importante lugar. Talvez eu seja a única que sinta tudo tão intensamente, mas sinto, e se sinto, não tem como mudar. É como amar você. Não dá pra rejeitar isto. A unica coisa que pode se encaixar é negar tudo. Embora que, lá no fundo, eu saiba toda a verdade. 

               Sei que estou te perdendo para ela, e essa confirmação veio hoje, quando você cancelou a sua presencia no meu aniversário para ir a festa dela. Tínhamos um ritual, e mesmo que não estivesse festa alguma, porque não gosto muito de festas, agente sempre fica junto, para ver um filme legal de ação, comer pipoca caramelizada e dormir no sofá cama porque a maratona de filmes tinha ido longe de mais. É sempre assim, a quinze invernos. Era sempre assim. Porque neste inverno, as coisas mudaram um pouco. 

                  Eu estou vendo o mesmo filme do ano passado, e comendo a mesma pipoca. Meus pais não estão em casa hoje, e minha irmã está na casa de uma amiga. E eu estou com Van Diesel, ou melhor, sozinha não é mesmo? Presencia cibernética não conta. Sei que agora, você está lá, dançando alguma coisa bem barulhenta e nem se lembra que deixou um coração partido no apartamento em sima do de onde você mora. Será que se lembra daquela menina de olhos escuros e cabelos armados, que você costumava adorar? Acho que não. Agora você tem a sua Barbie e eu não tenho um Ken. Bom, eu não gostaria de um Ken, eu só queria você. Especialmente hoje.

              Então, parabéns para mim, que agora estou aqui, assoprando um bolinho recheado o brindando com os caras do filme que está rodando no DVD. E claro, levando a lição de que quanto mais você se apegar, mais vai doer quando perder, porque por mais promessas que lhe dirão, agente sempre, sempre perde. 

                                                                                                         _Francielly Gomes. ❤